Edição #20: Bolos soviéticos e dicas de livros
CARTA DA EDITORA
Querido/a leitor/a,
Finalmente voltamos. Sim, após o Carnaval, que é quando o ano carioca começa. Mas quem nos acompanha no Instagram (@opomborio) viu que fomos na Sapucaí comer frango frito – valeu, HNT! – e divulgamos uma curadoria de blocos que fomos (ou que queríamos ir).
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Esperamos que você tenha tido um verão tão animado quanto o nosso. Mas, se não teve, tranquilize-se: estamos aqui para te falar o tanto de rolé que você pode colar até o fim do ano.
Seguem então as duas novidades de 2025 até o momento:
Em breve, novos pombos farão parte da equipe! Foram 97 inscritos para contribuir com textos e audiovisual. Mesmo sem poder chamar todo mundo, agradecemos a cada um que se interessou em abraçar o projeto com a gente. Ainda estamos lendo os formulários e entraremos em contato 🐦⬛ 🪺
Nesta edição, estreamos as dicas literárias do Pombo, pra você malhar o cérebro.
Um beijo e um queijo,
Maria Clara Patané
PEGUE O(S) POMBO(S)
Enquanto alguns pombos passaram as férias pra lá de Marrakech…
…outros ficaram pela Quinta da Boa Vista mesmo.
O QUE ROLOU?
🎥 “Vitória” lidera o ranking nacional nos cinemas no primeiro fim de semana de lançamento
O novo longa de Andrucha Waddington, estrelado por Fernanda Montenegro e Alan Rocha, é baseado na história de Joana da Paz, uma senhora que denunciou o tráfico e corrupção policial na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. O filme já arrecadou R$ 4,7 milhões e levou 218 mil pessoas aos cinemas, segundo dados do Comscore e Filme B.
🖼️ Museu de Arte do Rio (MAR) e Museu do Amanhã mudam horários e passam a abrir às segundas
No entanto, agora fecham nas quartas-feiras. A vantagem é que dá pra fazer dobradinha com o CCBB, que abre às segundas também, e deixar seu início da semana mais interessante.
Serviço: Museu de Arte do Rio - aberto de quinta à terça, das 11h às 18h. Entrada entre R$ 10 (meia) R$ 20 (inteira). Terças gratuitas.
Museu do Amanhã - aberto de quinta à terça, das 10h às 18h. Entrada entre R$ 15 (meia) R$ 30 (inteira). Terças gratuitas.
🍿 Haja milho
Foram 31 toneladas de pipoca vendidas na rede Cinemark no último domingo (16), com a promoção “Traga seu balde”, onde os consumidores poderiam levar até 10 litros de pipoca por R$ 19. A título de comparação, no fim de semana de estreia de ‘Divertida Mente 2’, a maior bilheteria da história do Brasil, o volume de pipoca vendido na rede foi a metade disso.
GASTRONOMIA
Um pedaço de Leste Europeu na Zona Sul
Por Maria Clara Patané
Um perfume adocicado se alastra no segundo pavimento de um pequeno prédio em Ipanema. Vem da Medovik a tal colmeia, uma confeitaria nomeada a partir de um bolo russo com massa à base de mel com cerca de 20 camadas intercaladas entre massa e recheio – esse, chamado smetana, é levemente azedo. Por trás da bancada fica Raisa Coppola, psicóloga apaixonada pela cultura russa, que experimentou o doce em uma viagem para o país e se encantou. No entanto, na última quinta-feira (13), ela deu espaço na vitrine para outra especialidade do Leste Europeu: o bolo Kiev.

Criado pela antiga confeitaria Karl Marx (hoje chama-se Roshen), na União Soviética, o bolo Kiev (R$ 30 a fatia) aparenta ser um bolo de nozes comum, à exceção de uma decoração colorida no topo. A textura do Kiev, porém, é outra. É feito com um pão-de-ló crocante, recheado com merengue e coberto por buttercream – o chantinho dos gringos, feito puramente de manteiga com merengue ou açúcar – com pedaços de chocolate amargo. Diria que é uma ótima sobremesa para os que não gostam de doce-muito-doce, assim como o medovik.
Medovik, a estrela da casa
O medovik tem origem incerta, cheio de lendas em torno (cá entre nós, é algo que acho até romântico na gastronomia, como se o universo tivesse nos dado um presente misterioso), mas fato é que ele já foi eleito por voto popular no Taste Atlas como melhor bolo do mundo. Morando no país do bolo de rolo, não sei se concordo. Mas com certeza digo que, principalmente para quem ainda não conhece o doce, vale a pena dar um pulinho perto da praça General Osório, em Ipanema.
Além da versão clássica, o cardápio fixo conta com releituras de pistache, caramelo e nozes, que são vendidos em fatias (R$ 35) ou em kits degustação de 4 pedaços (que podem variar entre R$ 45 e R$ 55, a depender dos sabores). A cozinha também produz um sabor especial do mês. Em março, é o Romanov & Yulia (Romeu e Julieta).
Serviço: O Medovik - Rua Visconde de Pirajá, 156, sobreloja 203 - Ipanema.
Funcionamento de segunda à sexta das 10h às 18h e sábados das 10h às 17h.
NA SUA ESTANTE
3 leituras para o seu fim de semana
Talvez ser um/a leitor/a mais assíduo/a esteja nas suas metas de 2025. Ou talvez você já esteja acostumado/a a engolir livros (cuidado, comer papel pode deixar o estômago embrulhado) e queira novas indicações. Por isso, a equipe do Pombo resolveu criar uma coluna de mini resenhas literárias para você decidir o que botar na sua biblioteca.
"Dias lentos, encontros fugazes: o mundo, a carne e Los Angeles”, de Eve Babitz (1977)
Por Letícia Guimarães
Nota: 🪶🪶🪶 ½ /5
Existe todo um mistério, brilho e uma sensualidade em torno da figura de Eve Babitz. O livro "Dias lentos, encontros fugazes: o mundo, a carne e Los Angeles” é o primeiro lançamento da autora publicado no Brasil e narra em contos a era da contracultura em Los Angeles.
A autora, que era uma espécie de mulher-furacão e it-girl hollywoodiana, construiu uma persona magnética e feroz. Ela viveu cercada pelo meio cultural de Los Angeles. Os contos, que são semi ficcionais e despretensiosos, nem sempre se aprofundam em seus temas. Às vezes são tão simples quanto narrar um encontro romântico para uma amiga – o detalhe é que as figuras desses encontros são Ed Ruscha, Harrison Ford, Steve Martin e etc. –, quando em outros momentos, a autora propõe análises reflexivas sobre as relações humanas, sobre a chuva e sobre a vivência feminina.
Babitz se autorretrata muito bem dentro de seu meio, é perspicaz e tem tiradas certeiras. A artista visual estadunidense encanta com sua escrita cheia de intromissões, fluxos intrusivos de pensamentos e uma dose de alívio cômico que chega no momento perfeito. O livro é uma leitura rápida e gostosa, e o mérito é pleno da escrita da autora que foi muito comparada a sua contemporânea, Joan Didion. E, também, mencionada como uma Didion mais intensa e rebelde. Mas, honestamente, depois de ler dois livros consecutivos da Didion, com suas frases perfeitamente amarradas, ler Eve Babitz foi como lembrar de distensionar os músculos do corpo. Talvez a história da própria autora seja mais brilhante do que o livro em si, mas com certeza vale a leitura para abrir as portas para essa outra face da Califórnia que nem sempre aparece quando se lê Didion.
“Os Próprios Deuses”, de Isaac Asimov (1972)
Por Guilherme Rezende
Nota: 🪶🪶🪶🪶 /5
“Contra a estupidez os próprios deuses lutam em vão” é uma citação extraída da peça A Donzela de Orleans, escrita pelo alemão Friedrich Schiller, que ilustra o tema desse clássico da ficção científica de Isaac Asimov. O título da obra “Os Próprios Deuses” vem dessa frase que também nomeia suas três partes. Publicado anteriormente no Brasil como “O Despertar dos Deuses”, o livro é uma das obras-primas do autor e é vencedor dos prêmios Hugo e Nebula, um dos principais prêmios literários do gênero sci-fi.
A obra é contada sob a perspectiva do cientista Peter Lamont, um cientista que decide escrever uma narrativa completa dos acontecimentos que levaram o cientista e herói mundial Frederick Hallem, a descobrir um moto perpétuo, isto é, uma máquina de energia ilimitada. As informações sobre essa história são amplamente conhecidas, desde o descobrimento do elemento químico que não existia em nosso planeta, até o descobrimento de um universo paralelo ao nosso. Entretanto, Lamont percebe que a versão oficial dos fatos esconde diversos eventos e que, coincidentemente, todos os opositores de Hallem foram desacreditados ou silenciados. Provas e evidências importantes desapareceram. Cabe a Peter Lamont descobrir o por que tantos vestígios foram apagados.
Com uma escrita leve e criativa, característica de Isaac Asimov, o livro, escrito em 1972, é bastante atual e reflete a luta de narrativas que nós vivemos na contemporaneidade. A manipulação de informações e o desinteresse em relação ao outro são temas que permeiam tanto a obra quanto o cenário atual. As similaridades das realidades fantásticas de Asimov com o mundo real são umas das características mais fascinantes de seus escritos e somadas com sua criatividade, resultam em uma leitura incrível e divertida.
“Copacabana Dreams”, de Natércia Pontes (2012)
Por Davi Goulart
Nota: 🪶🪶🪶🪶 ½ /5
Como um jovem do interior que se mudou para Copacabana aos 20 anos para cursar faculdade no Rio de Janeiro, foi muito fácil me identificar com o livro da Natércia Pontes. Não bastasse a mudança pelo mesmo motivo, a autora cearense cursou Comunicação e também morou em uma quitinete na mesma rua que eu, a Anita Garibaldi, uma trecho predominantemente residencial no coração de Copacabana.
Em Copacabana Dreams, Natércia traz histórias com um quê de realismo fantástico para narrar as próprias experiências no bairro – e não há melhor escolha para retratar o dia a dia caótico daqui. As crônicas variam de dez páginas a apenas uma linha e Natércia encapsula o sentimento de habitar um espaço que te dá uma história nova para contar a cada dia que se põe o pé na rua. Na Praça do Lido, uma moradora de rua usando casaco de plumas debaixo de um sol de 40°C. Na Avenida Nossa Senhora, um poodle gigante que abre crateras no asfalto com as patas. Na Prado Júnior, uma idosa que foi sugada pelo bueiro. Na Galeria Menescal, o sonho de atravessá-la de carro.
Deixo meu destaque para Cine Roxy, uma história de amor sexualmente explícita com menções ao falecido cinema da Rua Bolívar. Um retrato não só do erotismo do bairro, mas também de como os jovens adultos têm pouco tempo para as relações afetivas que vivem. É horrível ter que acordar correndo depois daquelas poucas horas bem dormidas de conchinha. O trabalho te chama. No final de semana você não pode. É o tempo que deu. E essa é a correria de viver seus 20 e poucos anos no coração da Zona Sul.
ESTREIAS DA SEMANA
Nesta quinta (20), estreiam os filmes:
Girassol vermelho: Romeu chega a uma estranha cidade, onde um sistema opressor, que não permite questionamentos, o arrasta para torturas. Nesse mundo absurdo, ele percebe que perdeu seu maior valor: a liberdade. Cheio de dor e fúria, Romeu, delirante, se entrega a uma nova jornada. Fantasia. 🇧🇷
Milton Bituca Nascimento: Documentário que parte da turnê de despedida do artista Milton Nascimento, um dos maiores cantores e compositores de todos os tempos, para entender a complexidade simples de sua obra e da alma brasileira. Documentário. 🇧🇷
IMO: Três mulheres revisitam suas memórias e experimentam a angústia de reviver o que, talvez, nunca tenha sido superado, vislumbrando reações possíveis às situações que viveram. Drama. 🇧🇷
Maré alta: Lourenço, um imigrante brasileiro cujo visto está chegando ao fim, se encontra com o coração partido e à deriva quando seu namorado americano inesperadamente o abandona em Provincetown. Envolvido pela beleza e magia da comunidade à beira-mar, ele fica angustiado com relação ao futuro, mas consegue se animar ao conhecer o gentil enfermeiro Maurice. Drama. 🇧🇷
Branca de Neve: Nova versão em live-action do clássico de 1937 sobre uma jovem bondosa que é invejada, perseguida e ameaçada por sua madrasta cruel, a Rainha Má. Refugiada em um bosque mágico, Branca é acolhida por novos amigos e se prepara para tomar o poder do reino. Fantasia.
O bom professor: Um jovem professor de literatura é injustamente acusado de má conduta sexual por uma adolescente de sua classe. Ele tenta desmentir as alegações de assédio, mas o boato se espalha e a situação fica fora de controle. Drama.
The Alto knights: Máfia e poder: Dois dos mais notórios chefes do crime organizado de Nova York, Frank Costello e Vito Genovese, outrora melhores amigos, disputam o controle das ruas. Ciúmes mesquinhos e uma série de traições os colocam num rota de colisão fatal que transformará a máfia (e os EUA) para sempre. Policial.
Tempo suspenso: Os irmãos Paul, um diretor de cinema, e Etienne, um jornalista musical, estão confinados na casa de campo da família, no interior da França, junto com suas parceiras Morgane e Carole. Cada cômodo, cada objeto, as árvores do jardim lhes trazem as memórias da infância e seus fantasmas. Drama.