SUMÁRIO
Hoje você vai ler:
Notícias da semana sobre cultura;
A história dos nossos amigos pombos no Rio de Janeiro;
Resenha sobre o dia do rock no Rock In Rio;
Estreias da semana.
PEGUE O POMBO
A repórter Carolina Stiepanowez nos encontrou curtindo um som no Leblon. Flagrou O Pombo por aí? Manda a foto pra gente via Instagram (@opomborio) ou e-mail (opomboredacao@gmail.com) para sair na próxima edição!
O QUE ROLOU?
🔥 Artistas se manifestam contra queimadas
Durante o maior evento de música da cidade, o funkeiro paulistano MC Hariel, segurou um cartaz escrito “parem as queimadas” durante apresentação no Palco Favela no domingo (15), no Rock In Rio. No Palco Sunset, a banda Planet Hemp, já conhecida pela música de protesto, também se manifestou contra a tragédia.
"Vários filhos da
putamandando tacar fogo no Brasil inteiro. Vai sefoder, e não quem está tacando fogo, mas quem está mandando tacar. Só barão do agronegócio, só falso pastor gigante", disse o rapper BNegão.
Quem acompanha os noticiários sabe que o país tem enfrentado uma seca severa, acompanhada de incêndios criminosos que deixaram 60% do território brasileiro respirando fumaça, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Governo do Estado do Rio de Janeiro montou um gabinete de crise para combater as queimadas florestais. Ainda segundo o Inpe, o estado bateu o maior número de focos de fogo desde 2014. O município de Guapimirim, na Baixada, chegou a decretar estado de emergência devido à estiagem na última terça-feira (17).
Ativistas e artistas cariocas se reúnem amanhã (20) na Marcha pelo Clima na Cinelândia às 17h, rumo aos Arcos da Lapa.
🌞Volta do horário de verão é pauta no Governo Federal
Por Guilherme Rezende
Com o fim do inverno chegando, um antigo conhecido pode voltar. O retorno do horário de verão está sendo discutido pelo governo Lula e deve ser decidido na próxima semana após a publicação de um estudo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) se reúne hoje (19) para discutir a questão. Essa medida vem sendo discutida como uma alternativa para auxiliar na economia de energia no Brasil todo, devido a seca histórica que o país passa.
O horário de verão foi extinto em 2019 quando, na época, o governo Bolsonaro alegou que não havia economia de energia, motivo pelo qual foi criado. A ideia era que, ao adiantar uma hora no relógio durante os meses de verão, os moradores chegassem em casa, não ligariam lâmpadas elétricas. Além do gasto de energia pública ser reduzido, com o acionamento do sistema de iluminação urbano mais tardiamente.
Apesar de ter sua efetividade questionada, o horário de verão é bem aceito pela população. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) indica que mais da metade dos brasileiros são favoráveis à volta do horário de verão, o que pode ser benéfico para o comércio. “O tempo de luz natural a mais no começo da noite faz com que as ruas fiquem mais atrativas. O movimento nos bares e restaurantes também cresce", analisa o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
Apesar de reconhecer que acordar e ir para o trabalho enquanto o sol não está brilhando seja um ponto negativo, a empregada doméstica Ednalva Rodrigues vê com bons olhos o dia se encerrando mais tarde:
“Poder voltar para casa com sol é muito melhor. Dá para fazer mais coisas com o dia alongado, como um exercício ou, então, ir para a praia.”
A possibilidade de aproveitar os momentos de lazer com mais conforto é um dos pontos defendidos pelo estudante universitário, Henrique Fontes:
“Você ter mais tempo de sol significa mais tempo de dia. Traz um conforto a mais, seja para sair para correr, sair para jogar futebol ou sair para fazer qualquer coisa na praia. Muitas pessoas tiram férias do trabalho no final do ano por conta de feriados, então você consegue aproveitar um pouco mais o tempo de lazer.”
🏛️18ª Primavera dos Museus começa nesta segunda
O tema de 2024 é “Museus, acessibilidade e inclusão” e conta com exibições e atividades em 315 instituições por todo o estado do Rio. Os museus promovem visitas sensoriais mediadas para pessoas com deficiência, oficinas de arte inclusivas, aulas para movimentar o corpo, rodas de leitura e apresentações musicais e teatrais. Confira a programação completa.
HISTÓRIA
Como os pombos chegaram no Rio de Janeiro?
Por Carolina Stiepanowez
Nem tudo são pipocas para os pombos. Neste sábado, 21 de setembro, os cristãos comemoram o Dia Internacional da Paz, representada por uma pomba branca. Um símbolo de harmonia, em tese. Vale lembrar que em 2014 a pomba que o Papa Francisco soltou durante uma oração foi atacada por uma gaivota, o que evidencia que a diferença entre a energia caótica entre elas e nossos amigos comuns das ruas é separada por uma linha tênue. Por isso, O Pombo achou justo se apropriar do momento das primas católicas para contar sobre a origem dos pombos na cidade do Rio de Janeiro.
Origem essa que é motivo de muito folclore e especulação. ‘Os animais foram trazidos para cidade em 1902, como parte das reformas do urbanista Pereira Passos. Queriam que o Rio se tornasse uma Paris Tropical - e Paris tem pombos’, alguns podem afirmar. ‘Não, a família Real Portuguesa trouxe os bichos quando chegaram aqui em 1808, durante a fuga de Napoleão, para dar um ar europeu para nossas terras - um gostinho de casa', outros dizem. Na verdade, a história real da espécie Columbia livia é bem menos glamourosa - e bem mais antiga.
Esse pombo - descendente dos pombo-das-rochas europeu e norte-africano - veio junto com os portugueses já no século XVI por um motivo pragmático. Segundo o professor de história do Brasil da UFF e da UERJ, Marcus Dezemone, eles eram animais domesticados, e também tinham um importante papel na comunicação da época.
"Eles eram treinados para isso, o famoso pombo-correio. Na época, as pessoas não tinham os meios de comunicação de massa que nós conhecemos hoje. Então, para vencer certas distâncias, elas usavam os pombos, ainda com o risco enorme do animal não chegar ao destino", esclareceu o professor.
A ave também foi trazida para encher a barriga de europeus e cariocas - e cumpriu esse papel durante centenas de gerações.
"As camadas populares na Europa, em Portugal, criavam os animais em pombais para a alimentação. As pessoas comiam pombos, e esse hábito persistiu até o século XX. Eu nunca comi, mas já conheci pessoas que se alimentaram dessa carne. Ela não é tão saborosa quanto o frango", brincou Marcus.
Hoje em dia, os pombos não são nem carteiros, nem comida, mas não deixaram de fazer parte da paisagem e da cultura do brasileiro.
Por um lado, são vistos como uma espécie de praga urbana. De acordo com o Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e Inspeção Agropecuária, as fezes dos pombos são responsáveis por contaminar os indivíduos com doenças graves, como a criptococose. Ainda assim, são animais protegidos pela Lei Federal Ambiental nº 9.605/98, que proíbe maus-tratos e classifica a crueldade contra pombos como um crime passível de até 5 anos de prisão.
Por outro, eles atuam como uma imagem de esperança durante o dia a dia. No catolicismo, são um dos símbolos do Espírito Santo. Na diplomacia, representam um ícone da paz. E na crença popular, são um sinal de boa fortuna.
"Todo mundo tem uma história com um pombo que fez cocô na pessoa. No Brasil, a maneira de lidar com essas histórias sem dúvida desagradáveis foi invocando a ideia de que isso está associado à sorte", contou o professor Marcus.
Nosso Pombo surgiu assim, graças a um pássaro que cagou na cabeça de uma jornalista. Por causa de um pombo de verdade, O Pombo nasceu e pousa toda quinta na sua caixa de e-mail. Vai ver esses animais de fato nos dão um pouco de sorte.
RESENHA
Trancos e barrancos: o dia do rock no Rock In Rio
Por José Esteves
Pouco depois das sete horas da noite de domingo (15), os membros do Journey subiram ao palco. Foi o segundo show da história da banda no Brasil, que ainda mantém dois dos seus membros da época de ouro: Neal Schon na guitarra e Jonathan Cain no teclado, que nos bastidores estão na justiça um contra o outro. O grande frontman do grupo, Steve Perry, saiu na década de 80 e depois definitivamente na década de 90, mas os fãs sabiam disso: o vocalista Arnel Pineda está no grupo desde 2007. O problema é que, em sua maioria, os apreciadores da banda não estavam presentes no show do Journey.
No começo da apresentação, o Arnel Pineda parecia um amador em um programa de talentos. Um bom amador ainda, com um vocal agudo e funcional – mas errava notas e exagerava para compensar algo. Na terceira música, perdido, ele aponta para o fone do retorno: não conseguia se ouvir. Depois, virou a cabeça para a cabine de imprensa e perguntou: “Estou no lugar certo?”. Ele disse isso para confirmar que reclamava com o departamento certo, mas a pergunta é pertinente, e a resposta é não. O que matou o Journey foi que eles não estavam no lugar certo.
Os problemas técnicos que os shows da noite tiveram pegou a todos de surpresa, porque, estruturalmente, a edição de 2024 do Rock in Rio não teve complicações. Atrações com agendamento eficiente, banheiros sem fila, comida disponível, espaço para todos os lados. Isso porque os ingressos demoraram a esgotar, mas esgotaram: o último ingresso foi vendido no sábado, dia 14. Visto de fora, o evento foi um sucesso, mas as falhas durante os shows foram constantes.
Felipe Ramos, de 25 anos, viu o Journey porque gostava das mais famosas, mas veio mesmo por causa do Avenged. Mesmo que tenha achado o show do Journey bom, Felipe também reclamou dos problemas técnicos.
“Não só o atraso do vídeo em relação a música incomodou bastante, mas teve problemas na tela. Em alguns momentos, a câmera perdeu o foco ou duplicou a imagem", disse Felipe, depois de ter visto metade do show nos telões, já que o palco se escondia atrás de uma câmera do Multishow.
Até as duas melhores apresentações da noite tiveram problemas com os vocalistas. A Amy Lee, do Evanescence, que esbanjou carisma com músicas clássicas e recentes da banda, teve um começo falso por não ouvir as suas primeiras notas. O microfone de Ian Gillan, do Deep Purple, que explodiu de energia e carregou o público de volta para a década de 70, não funcionou no começo de Highway Star.
Mesmo assim, o Evanescence e o Deep Purple conseguiram pular os obstáculos e entregaram shows excelentes. Por que o Journey não conseguiu?
Um dos outros fracassos do Dia do Rock deste ano foi a falta de consistência – especialmente quanto à curadoria de quem vai em qual palco. É verdade que no final o Journey incendiou o público com Don’t Stop Believin’ e Anyway You Want It, mas elas foram as duas últimas músicas do setlist. Até lá, o Journey decidiu tocar nove músicas sem muita energia, que não conseguiram cativar o público de forma alguma – até em Separate Ways, que em tese é um dos grandes hits do grupo, não moveu muito quem estava lá. Porque muitos dos que estavam lá queriam ver o que vinha depois e guardavam lugar, e quem veio para ver Evanescence e Avenged Sevenfold não quer ver Journey.
Jefferson Lopes, de 52 anos, foi ao Rock in Rio para ouvir o Journey e o Deep Purple. Tinha deixado os seus filhos, que foram para ver o Avenged Sevenfold, no Palco Sunset para ouvir Planet Hemp e a Pitty. A maior parte do público – que não quis guardar lugar para o seu headliner preferido – teve que variar de palco para ouvir sua seleção preferida.
“Tive que fazer uma dobradinha esquisita: comecei o dia no Barão Vermelho, corri para pegar o Paralamas, fiquei pelo Journey e depois vou para o Purple”, reclamou o roqueiro que já viu o Deep Purple 11 vezes. “Acho que faltou um dia metal, para que os dois públicos pudessem se divertir no dia certo”, sugeriu Jefferson.
Apesar de todas as falhas que pegam o Journey como um bode expiatório, o Rock in Rio está mais sólido que nunca, com ambientes capazes de atrair todos os gostos. Mais do que uma ode ao Rock, o evento se tornou uma homenagem à música como um todo, com palcos de eletrônico, música alternativa, world music e jazz. Talvez o preço não convença as pessoas a irem para descobrirem um novo nome – R$795,00 é uma aposta que poucos pagariam para ouvir algo inédito –, mas com certeza o ambiente todo vale a pena.
ESTREIAS DA SEMANA
Nesta quinta estreiam os filmes:
Saudade Fez Morada Aqui Dentro: Bruno (Bruno Jefferson) sempre fez vista grossa para a violência e o preconceito gerados pela cultura machista em que está inserido. No entanto, uma doença degenerativa faz com que ele pouco a pouco perca a visão. Agora, enquanto atravessa a adolescência, Bruno tem que aprender com as diferenças a enxergar a vida com outros olhos. Prêmio de Melhor Filme Internacional do Festival de Mar del Plata 2022. Drama. Classificação 14 anos. 🇧🇷
Passagrana: Cansados de correr da polícia, os rapazes realizam um roubo que promete fazê-los mudar de vida. O esquema, no entanto, afeta diretamente os negócios de uma gangue de policiais corruptos comandada por Britto (Caco Ciocler), que fará de tudo para achá-los. Ação. Classificação 16 anos. 🇧🇷
Quando Eu Me Encontrar: A partida de Dayane se desenrola na vida daqueles que ela deixou para trás. Sua mãe, Marluce, faz de tudo para não demonstrar o choque que a partida da filha lhe causou. A irmã mais nova de Dayane, Mariana, enfrenta alguns problemas na nova escola onde está estudando. Antônio, noivo de Dayane, se vê num vazio diante da partida dela e busca obsessivamente por respostas. Drama. Classificação 16 anos. 🇧🇷
Prisão nos Andes: Cinco torturadores mais cruéis da ditadura de Pinochet cumprem penas, que somam séculos, em uma luxuosa prisão aos pés da cordilheira dos Andes. Quando uma equipe de televisão entrevista um dos internos, as declarações desse homem têm um impacto inesperado e eles temem uma transferência para um presídio comum. Drama/Suspense. Classificação 14 anos. 🇧🇷
Sofia Foi: Forçada a sair do apartamento em que vivia, Sofia (Sofia Tomic) fica à deriva nos espaços da Universidade de São Paulo. Sem ter para onde voltar, ela passa por encontros e memórias nesse dia determinante em sua vida. Drama. Classificação 16 anos. 🇧🇷
Assexybilidade: Histórias sobre a sexualidade de pessoas com deficiência. O filme fala sobre flerte, beijo na boca, namoro, masturbação, capacitismo e, é claro, sexo. Documentário. Classificação 16 anos. 🇧🇷
Bocaina: As irmãs Zulma (Malu Gali) e Musk (Ana Flávia) vivem isoladas durante a pandemia até a chegada de um forasteiro à região. Josevelt é o sujeito misterioso que, junto com essas duas mulheres, cheias de conflitos, ajuda-as a se libertarem das suas amarras. Drama. Classificação 14 anos. 🇧🇷
Não vamos sucumbir: O documentário faz um inventário histórico desde o surgimento das escolas de samba até os dias de hoje, mostrando a força cultural, o significado político e social que faz deste evento o maior show do planeta. Documentário. Classificação Livre. 🇧🇷
A Substância: Elisabeth Sparkle (Demi Moore) é demitida de seu próprio programa de TV por ser “velha demais”. Desesperada, ela recorre à uma droga que promete rejuvenescê-la. Com as células replicadas, ela passa a dividir o corpo com Sue (Margaret Qualley), uma versão mais jovem e melhorada dela. Terror/Drama. Classificação 18 anos.
Golpe de Sorte em Paris: o novo longa de Woody Allen conta a história de Fanny e Jean, um casal aparentemente perfeito. Porém, o relacionamento estremece quando Fanny reencontra um antigo amigo do colégio. Romance/Drama/Suspense. Classificação 12 anos.
Lobos: George Clooney é um solucionador profissional contratado para encobrir um crime de alto perfil. No entanto, seus planos sofrem uma reviravolta inesperada quando um segundo solucionador, Brad Pitt, aparece. Os dois lobos solitários, inicialmente em desacordo, são forçados a trabalhar juntos para resolver a situação. À medida que a noite avança, eles descobrem que a missão está fugindo do controle de maneiras que nenhum deles poderia prever. Comédia/Ação.
A Menina e o Dragão: A jovem orfã Ping vai em busca dos dois últimos dragões existentes para salvá-los.
Sidonie no Japão: Sidonie é uma escritora francesa renomada, e está de luto por seu falecido marido. Convidada para ir ao Japão para o relançamento de seu primeiro livro, ela é recebida por seu misterioso editor japonês, que a leva a Kyoto. Aos poucos, ela começa a desenvolver um sentimento por ele. Drama. Classificação 14 anos.
Ligação Sombria: Depois de ser forçado a conduzir um passageiro misterioso sob a mira de uma arma, um homem se vê envolvido em um jogo de gato e rato onde fica claro que nem tudo é o que parece. Ação/Suspense. Classificação 16 anos.
Parabéns por mais essa edição do Pombo, que está atualizado e bombado. Eu, que nem ligava para a ave, já estou até gostando dela. Negócio seguinte: as pessoas às vezes confundem...o pombo pode ter vindo com a Família Imperial, mas o pardal foi importado de Portugal para a inauguração da Avenida Central, hoje Rio Branco, no início do século passado.