Edição #31: Dia do Cinema Nacional
PEGUE O POMBO
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O QUE ROLOU?
🎥 Cinema brasileiro a todo vapor
O sucesso e primeiro Oscar do país para “Ainda Estou Aqui”, a premiação de “O Agente Secreto” em Cannes e o crescimento do setor cinematográfico após a pandemia – a nível local, já falamos aqui da volta dos cinemas de rua no Rio – marcam uma época próspera para o audiovisual brasileiro. As próximas produções prometem seguir lotando as salas. Veja alguns destaques que ocuparão as telonas em breve:
Geni e o Zepelim, de Anna Muylaert, é a primeira adaptação para o cinema da clássica canção homônima de Chico Buarque. O longa foi rodado no Acre, na região da Amazônia, com Ayla Gabriela no papel da protagonista e Seu Jorge como o comandante do Zepelim. A gravação finalizou nesta semana e o lançamento é previsto para 2026.
Muito Prazer, de Jorge Furtado, marca o retorno do diretor com comédia para o cinema. Nele, Rubem (Daniel de Oliveira) herda um motel decadente e, com a ajuda de Grace (Luisa Arraes), decide reabri-lo. Com as crescentes dívidas, a dupla passa a vender vídeos íntimos dos clientes do estabelecimento.
Literatura infantojuvenil nas telonas
A Droga da Obediência, livro de Pedro Bandeira best-seller da literatura infantojuvenil nos anos 2000, ganha adaptação para os cinemas. No livro, o maior avanço da ciência das últimas décadas e, ao mesmo tempo, uma grande ameaça às democracias do mundo se misturam numa droga revolucionária que é capaz de anular toda vontade humana e garantir a obediência absoluta.
O Gênio do Crime, clássico da literatura e João Carlos Marinho, também ganha adaptação para as telonas. As filmagens começam no dia 29 de junho, em São Paulo. Com direção de Lipe Binder e roteiro de Ana Reber, a produção acompanha as aventuras de um grupo de crianças que decide investigar um gênio do crime que está falsificando figurinhas da Copa do Mundo.
Já mais contemporâneo, o sucesso LGBTQIA+ Quinze Dias, do autor Vitor Martins, também ocupa o audiovisual. conta a história de Felipe, um garoto gordo e tímido que sofre bullying na escola. Ele aguarda pelas férias desde o início das aulas. Afastado dos colegas que o maltratam, Felipe finalmente vai poder se dedicar somente ao que gosta: os livros e as séries. Mas as coisas fogem do controle quando sua mãe informa que concordou em hospedar o vizinho Caio por longos quinze dias, enquanto sua família viaja. Felipe entra em desespero porque Caio foi sua primeira paixãozinha na infância (e talvez ainda seja). O longa-metragem, assim como o livro, mergulha em temas essenciais como aceitação, insegurança, gordofobia, homofobia e bullying, equilibrando sensibilidade e drama na mesma medida.
CINEMA
Cinco filmes brasileiros para assistir no Dia do Cinema Nacional
Por Redação
Para celebrar o Dia do Cinema Nacional, separamos algumas produções brasileiras para você assistir no feriadão.
Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009), de Karim Aïnouz
Quem indica: Pedro Mattos
O longa de Karim Aïnouz é uma viagem repleta de saudades e feridas não cicatrizadas. A solidão do trabalho de um geólogo, que confessa para as estradas do sertão nordestino as dores de um amor que se acabou.
O arrasto na narração de José Renato (Irandhir Santos) soa até excessivamente melancólico e poético, mas condiz com os nossos mais íntimos devaneios de paixões arrebatadas. Filme para quem sofre do coração ou para quem quer celebrar a sorte de estar junto. Não assista se acabou de levar um pé na bunda.
O Homem Que Copiava (2003), de Jorge Furtado
Quem indica: Maria Clara Patané
Esse filme refuta economistas e prova que, sim, é possível imprimir mais dinheiro. André (Lázaro Ramos) é um operador de fotocopiadora – nome requintado para o rapaz da Xerox – e ilustrador amador. Nosso protagonista se apaixona pela vizinha de prédio, Silvia (Leandra Leal), ao observar diariamente sua rotina noturna através de um binóculo. Para tentar criar um clima entre os dois, ele decide comprar algo na loja em que Silvia trabalha como vendedora, porém, o salário escasso torna-se um empecilho para a conquista. A partir disso, André busca uma forma de, literalmente, fazer dinheiro.
Em um fluxo de pensamento simples e hilário, André consegue encontrar soluções perfeitas para as cagadas em que ele se mete. O elenco ainda conta com Pedro Cardoso e Luana Piovani em personagens caricatos na medida certa.
Ferrugem (2018), de Aly Muritiba
Quem indica: Davi Goulart
Ferrugem (2018) não para de surpreender o espectador. Se pela sinopse podemos imaginar que se trata de um drama juvenil sobre a realidade de superexposição nas redes sociais, a história logo se desenvolve para reviravoltas inesperadas, personagens multifacetados e questões familiares verossímeis. Acompanhamos Tati (Tiffany Dopke), uma aluna do Ensino Médio que tem um vídeo íntimo exposto por uma pessoa não identificada. A câmera acompanha a rotina da jovem em close-ups que aumentam a sensação de sufocamento de nova realidade pautada por uma impotência diante de algo que estará registrado para sempre. O conflito ganha dimensão até atingir um desfecho duro, revelando com crueza as implicações do julgamento coletivo.
Na segunda parte, no entanto, Ferrugem desacelera. Como é marca registrada do cineasta Aly Muritiba (de O Caso Evandro e Deserto Particular), temos uma troca de protagonista. Agora acompanhamos Renet (Giovanni de Lorenzi), então ficante de Tati que a deixou de lado por constrangimento social, e no momento está de férias em uma cidade chuvosa do litoral do Paraná, onde terá que lidar com problemas em suas relações interpessoais. O filme se torna mais contemplativo e melancólico, a adrenalina do primeiro ato tem uma queda brusca e agora lidamos com a sensação de culpa de Renet por um erro que talvez seja impossível reparar.
Saneamento Básico, o Filme (2007), de Jorge Furtado
Quem indica: José Esteves
Os moradores de um vilarejo no interior do Rio Grande do Sul produzem um filme para captar fundos e fazer uma obra de saneamento básico no fosso da cidade. O que nasce de uma ideia pacífica e benigna esconde uma farsa em que todos brilham com personagens inocentes, caóticos e egomaníacos.
Saneamento Básico é uma daquelas comédias como Argo e o Grande Lebowski, em que tudo poderia ser resolvido com uma conversa francas, mas que degringola ao surreal rapidamente. Dirigido e escrito por Jorge Furtado, o longa é uma tapeçaria de cenas hilarias e memoráveis – tão memoráveis que o nome Silene Seagal nunca sairá da sua cabeça.
Com um dos maiores elencos do cinema brasileiro (Fernanda Torres, Wagner Moura, Camila Pitanga, Lázaro Ramos, Bruno Garcia, Tonico Pereira e Paulo José), Saneamento Básico está disponível no Netflix e entrega o que promete.
Elena (2012), de Petra Costa
Quem indica: Duda Bretas
Vi Elena justamente em um momento que estava entrando no universo da comunicação, e no meio de tantos sonhos, também cogitava em ser atriz. Petra Costa dirige esse documentário, contando a história de Elena, sua irmã, que segue o sonho de se tornar atriz de cinema e deixa no Brasil uma infância vivida na clandestinidade, devido à ditadura militar implantada no país.
Duas décadas depois, Petra, já atriz, embarca para Nova York atrás da irmã. Em sua busca, Petra apenas tem algumas pistas, como cartas, diários e filmes caseiros. Ela acaba percorrendo os passos da irmã até encontrá-la em um lugar inesperado. Me tocou de inúmeras formas por trazer a realidade nua e crua de como perseguir seus sonhos é um caminho extremamente árduo. Seguir nossos propósitos é o que nos move, e o documentário nos mostra o descompasso emocional interior de quando o propósito (ainda) não foi atingido.